quarta-feira, 9 de março de 2011

MÓR-REU!

Eu sou uma pessoa inquieta, cara. Não sou vingativa, minhas amigas fura-olho sabem disso, mas tem coisa que marca, e eu tenho uma memória boa pra essas coisas. Não esqueço. A vida toda da gente anda, mas aquele aspecto fica empacado. Um horror. Aí, tem a ferramenta do diabo: Orkut. Pronto, tá feita a merda.

Dia desses, eu num momento mamãe-comi-merda-quando-era-criança, decido visitar o orkut de um fantasma do meu passado, de pelo menos 12 anos atrás. Não vou dizer que não me marcou, que aí eu estaria mentindo, mas também não vou dizer o quanto, pra não dá moral pro bunda mole (?!). Mas assim, ele virou literalmente fantasma depois que eu decidi (mentira, não tive opção - ele saiu do colégio) virar a página. O sujeito morava na rua do lado, mas eu nunca encontrava com ele apenas em ocasiões especiais, tipo:

*Eu, saindo do salão à meia-noite por causa de uma super escova, curtindo uma crise de labirintite. Meu tio vem me acompanhar caso eu decida, you know, sentar no chão. Coisa pouca de desequilíbrio. Ponho o pé fora do salão, começa a chover. Eu tinha ido lá pra que mesmo? Ah, é... fazer escova. Pegar caminho 1 ou 2? Vamos de 2 hoje, pra variar, Tio. Oh, a cinco passos de mim, um casal! Hã? Ah, tá: O fantasma.

*Fim da aula de balé, telefone da companheira de sapatilha toca: ele.

*Companheira de sapatilha diferente me pergunta: "Vc conhece o Gasparzinho? É meu vizinho na pqp" (local levemente modificado pra proteger a identidade da malandra) Na época eu disse toda curiosa: SIIIIIIMMMMMM - com direito a sorriso maniaco. Ela gostava dele também - novidade. "E o quico" teria sido uma resposta mais adequada.

*Após uma volta pra casa onde todos os casais do universo passaram por mim de mãos dadas, eu, me sentindo a última das moicanas, decido ir ao mercado, num lapso! Uma puta falta do que fazer! Lá cruzo com meu paquera da quarta-série, o que me faz andar o mercado tooodo e usar o último caixa do lugar pra não ter que bater papo, afinal, tô down. Me deixa quieta com meus pensamentos pessimistas. MAS QUEM, QUEEEEEEEM TÁ PAGANDO NO CAIXA AO LADO?!?!?! O viado-transparente-que-flutua - com a namorada. E eu? Quase, mas quase enfiei a cara dentro do saco plástico achando que naquela distância ia conseguir esconder alguma coisa. Tão inocente! E um tanto quanto esperançosa, eu diria. Óbvio que ele me viu.

*Um dia antes do Natal, eu com dengue mas firme e forte na fila do Carrefour, segurando os ingredientes pra rabanada, as frutas cristalizadas, com direito ao peru no topo - sem cestinha - enquanto aguardava minha mãe, que serelepe, fazia o resto das compras. Quem passa com a nova namorada? Yep.

Cada vez que encontrava com ele eu perdia as pernas. Bambas é coisa pra principiante. Elas sacolejavam. Mas nessa última vez, não teve muito mais efeito em mim, e eu ri. Nesse último dia eu ri, mas ri da comédia que é a minha vida amorosa. Gente, daria um filme daqueles que nego engasga com a pipoca, sério. Parece planejado.

Então, anos se passam, a pessoa muda de país, mas não esquece. Vira e mexe, quando tem problemas com o açúcar - no caso com o pão doce, vai lá futucar a ferida e rever o passado. Curiosidade, sabe? E foi num dia desses que eu bonitamente visitei o perfil do falecido, que tá namorando faz tempo com a mesma menina e tem uma irmã que passou a me odiar quando descobriu que eu gostava dele. Claro, não deu pra ver as fotos. Curiosa estava, curiosa fiquei.

Dia seguinte, entro no orkut, e... ele tinha me adicionado. Oi? Comé? E tinha mensagem e tudo, perguntando como eu estava e finalizando com um "bjão". A besta foi lá e respondeu por scrap mesmo, e ainda fez a pergunta básica, "e vc, como está?".

Isso foi há duas semanas. Se ele respondeu, respondeu mentalmente porque até hoje nem sinal no meu orkut.
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Enterrei, né. 14 palmos de profundidade pra não ter erro. Coloquei na lápide: Aqui jaz meu primeiro amor, depois de 12 anos. Já foi tarde!

Cada uma, viu...